07/09/10

hides but feels

Ficou cego de olhares e surdo de sussurros. Debruçado na cadeira, de maneira a que ninguém repara-se fitava-a horas a fio. Tom, vestiu o seu melhor fato ao saber da sua presença no bar do costume. De vez em quando, inevitavelmente mordia o lábio na anciedade de lhe falar. Aquela mulher focava-se inocentemente, mas era apreciável a postura sedutora e provocante que mantinha. Quando os olhos se cruzavam, penetravam-se um no outro, como se um desafio ao jogo do sério. Em contradição ao receio que sentia, estalou os dedos ao empregado e falou-lhe num tom de sussurro inexpressivo:
-Quero aquela. Quanto é?
Reparou que se aproximava, mantendo a postura indomável.
-Não estou à venda.
E antes de sair porta fora e ter morto o cigarro no seu cinzeiro, ainda antes de supor o que o homem pretendia, em segredo o coração batia velozmente, como se a primeira, a segunda vez que bem, fosse diferente

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