08/09/10

e deixas-me assim

Não fazes a noção, mas eu tenho a noção que nos faço. E vivo assim, à espera que o amor e a saudade que nos resistiu atropele esta estrada, esta ponte, estes mares e estes rios e, por caminhos cruzados nos leve até nós. E ofereço-te pedacinhos de felicidade todos os dias, na esperança de fazer ricochete e acertar em cheio algures num lugar escondido, frágil e bem perto de mim. E vivo assim, sempre, sempre à tua espera. Muitas vezes, até me esqueço de quem sou e reconheço-me domada literalmente pelo que sinto, é como se já não fosse mais eu mas aquilo que gostarias que fosse. Agora sou nada, nada mudo em ti e em tudo mudaste. Inalo o perfume da tua presença ausente e está cada vez mais leve e serena, o perfume desvanece dia após dia, tal como tu. Os teus lábios eram pétalas de rosas vermelhas, que ardiam ao encontrar os meus. Queimavam-me o coração, ardiam-me o coração e esvoaçaram-no em cinzas. Nem as cinzas te revelam rancor, nem as cinzas te respondem com dor, nem as cinzas deixaram de te amar. E amar no centro de todos os sentidos, é perigoso. Consigo esquecer-te nos escassos minutos que nos apagam e que o vento sopra, mas a maré de lembranças e recordações, trazem à tona tudo o que um dia pensamos não ser mais que uma brisa. E deixas-me assim, sempre, sempre à tua espera. Não fazes a noção, mas eu tenho a noção que nos desfazes.

Sem comentários: