05/09/10

odeio-te porque não

Não consigo sequer pensar que nunca mais irei acordar e adormecer com uma mensagem tua, nem a conta do telefone a decrescer. Não consigo sequer imaginar que os nossos sonhos estão desencontrados, aqueles sem compromisso em que duravam a noite inteira e custa-me saber que os teus sonhos se cruzam com outros senão os meus. Doi-me tanto, tanto, tanto, mas tanto, que nem o meu sorriso suportou, que nem a minha indiferença resistiu, até chover, chover todo o tipo de palavras que já não existem, todo o tipo de sentimento que se foi, todo o tipo de promessas infantis. Sim, infantis e eu acreditava em todas elas. Diz-me, não há algo que eu possa fazer? Lutar? Eu luto, mas luto pelo quê? Lutar pela tua ausência, pelo teu orgulho, por tudo o que me tiraste mentindo dar-me. Pára, pára de me aparecer durante as noites, como de costume. Pára de me doer. Nem um segundo teu me dás quando nem um minuto te roubo. Ai se eu te pudesse arrancar de mim e afogar-te no oceano esquecido, onde morrem milhares e milhares de memórias. Se tu pudesses prender-te a mim e afogares-te em nós. Se pudesse morria, se eu tivesse coragem morria, porque estou cansada das perdas que me matam, das palavras suicidas, das lágrimas recaídas, dos olhos verdadeiros que me souberam e me sobem tão bem mentir. E a merda que a vida consegue ser não se cansa de mo provar, não consegue satisfazer-me a necessidade de a ver vendada, desfocada, pintada e pinta-me tal e qual como é. Deixa-me. Deixem-me. É tudo igual e só a diferença me reserva alguma esperança. E só na esperança encontro diferença. Não queres saber de mim, não te faço falta, então desaparece. Desaparece. Não te quero mais, odeio-te por saber que é mentira. Deixa-me, odeio-te por me fazeres mentir. Esqueci-te e odeio por me fazeres lembrar. És passado, odeio-te ainda mais por sujares o meu presente. E não o sujas mais, não mais, porque odeio-te tanto ou mais do que te amei.

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