12/01/12
Por ou sem querer, escolhem viver nessa angústia, não entre a vida e a morte mas a morte da vida numa vida de morte. Eu ando à deriva, mano, e cada vez me sinto mais depressiva e não entendo porquê. Rio-me imenso e acontece sentir-me mal por me rir tanto. Eu pego no coração das pessoas e concerto-o com peças minhas. Torna-se difícil respirar quando lhe tocam, sabes? Sabe a solidão. E às vezes não me sinto normal, quer dizer, sinto-me insana, tenho pensamentos estranhos em mim, vejo coisas estranhas, e sinto.. sinto muitos gatafunhos e rabiscos. Nunca ninguém me há-de perceber, sabes, porque eu não vivo neste mundo, mano, eu vivo num mundo mais de pedra que este, eu vivo num mundo em que os copos não são de vidro e os vidros já estão partidos. E por lá vivem cacos todos os dias mas, fazem parte da casa, e desvio-me deles no começar de todas as manhãs. E a solidão aconchega-me e embala-me e torna-se pessoa. Por isso a quero tanto e fujo tanto dela. Ninguém percebe. Nunca ninguém me há-de perceber porque irão sempre pensar que é a Sara. E sufoca rir de tanto por dentro chorar. E eu não tenho escrito porque as peças são cada vez menos e são precisas cascatas para concertar as palavras. A Sara parece que tem medo das pessoas- uma vez disseste Tomé. Eu só gostava que a vida fosse mais gentil para elas. Eu só quero que sejam todos felizes.
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2 comentários:
mágica
eu queria que tu fosses feliz
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