16/01/12

Apetece-me escrever-te, R. Passeia tempo que não te vivo e que o meu coração não abre porta ao teu nome nem traz vida à dor bruta que a janela encostava nas noites mais agitadas. Os teus olhos estão iguais e o teu sorriso também, já não és a mais bonita e isso acalma-me. Estás mais crescida, completas este ano os teus dezanove e nota-se a falta de bocados sensíveis e inocentes. A vida tratou-te mal logo desde o início, não foi? E tu trataste-me bem assim que soubeste de mim. Às vezes, quando penso no amor cego que nos cobria, sobreponho a nossa culpa à distância que nos sufocava. Os nossos dias eram passados a discutir e a fazer as pazes, era o nosso jeito de amar. Esta noite, esquecendo num canto os prejuízos doentios que me deste, coloco um pedaço do que éramos no bico de um pássaro acordado que repousa na minha janela à espera de voar connosco. Continuas menina de coração e um rapazinho nos olhos e não serias tu se assim não fosse. Gostámos mesmo uma da outra, não foi? Um gostar que nos doía. Um gostar que era demais. Um gostar de olhos vendados. Escrevo-te com o coração que te custou a agarrar. Foste o meu primeiro amor. 

1 comentário:

mary disse...

certo. não vou embora sem ti. amanhã terás o convite, aparece!
e que lindo, sempre tão puro e doce como o algodão doce:)