Escola nova.

Hoje é a apresentação na minha escola nova. Estou nervosa. Trocar a farda pela minha roupa. O meus pais não gostam muito da minha roupa. Dormir todos os dias em casa. Mais discussões? Apanhar autocarros, andar de metro. Ter tardes livres. Ter rapazes na turma. Trocar o colégio por uma escola normal. O quanto eu quis este momento e o quanto ele me põe de coração apertado. É que para mim são todos iguais, não conheço ninguém. "Sara vais-te perder"- e eu não quero saber. Vou prova-los a todos que a Sara, a pequenina, consegue ser crescida. Aposto que lá as nuvens são de várias cores como o sol não brilha para todos. No colégio os dias são todos iguais, as mesmas pessoas, as mesmas cores, os mesmo corredores escuros e dormimos perto uma das outras. Vou ter saudades porque deixo lá sorrisos tristes, muitas ficam porque não aguentam ter de se afastar, guardam pessoas próximas e sentem-se perdidas sem elas. Mas eu vou. À procura doutras vidas. E, não tenho a Raquel, a 103 não volta mais. A minha 103. E o colégio dói sem ela. Ainda dói mais. Apanho o autocarro à 13h15, torce por mim mano, leva-me até ao portão pelo menos. É uma vida nova e oh, vou vivê-la!