-Acorrentas-me a alma e não me sinto presa. As palavras saram o que delicadamente feres, um ferir ainda quente, inconsciente, que sabe bem. Ainda.
-As palavras que nunca dizes e que eu deixo sempre por dizer. Aquelas que contam partes nossas por contar, que permanecem em pregas de silêncio e por aí ficarão.
-Poderia o amor para sempre fingir que mora dentro de nós. Estivemos cobertos algures num tempo nosso e esse, funde-se neste tempo e moldar-se-a para sempre em tempos nossos.
-Sei que espreito por detrás de um véu que dissolve a realidade no avesso de uma garrafa lançada ao mar. Partida no meio da espuma de grandes ondas, em abalos e pancadas, serena ao dar à costa.
-Não sabes tudo. Sabes nada. Mas que nada?
-"Diga-me querida: Pode um coração despedaçar-se quando deixa de bater?"- pode desfazer-se enquanto bate e enquanto dança. Nunca está morto demais, mas falece. Vai adormecendo, de bocados vermelhos a estilhaços belos de vidro, até deixar de viver, parte-se até deixar de bater.

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