27/06/11

Dor.

-Nunca chegaria a pensar que talvez o problema fosse meu. Para lá de tecidos leves, de seda, rasgaram-se remendos e cacos por partir, escondidos e frios de medo. Às vezes, quando os olhos parecem poços sem fundo até ao cofre que abriga esta dor, tentamos magoar-nos.
-Dói ver, dói ainda mais ter que ver. Tapo as janelas já embaciadas para não sentir a dor na sua totalidade.
-Não precisas de tapar, a dor é a mesma, na realidade, o que a dor te nega a meio da noite, trará com ela tantos e quantos fantasmas a pesar, a meio do dia.
-Tentamos magoar o que se vê para atingir o caos interior. O caos que, se alguém tocasse, ficaria nele ferido também, tocar-lhe-ia a alma e isso seria um caos ainda maior, no fundo, um fardo demasiado pesado para eu carregar.

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