03/06/10

presente-imperfeito

No entardecer de um dia perdido, achei a madrugada do retrato que o pó não apagou. O vazio despede-se do sorriso que a vida me traz ou, o sorriso que através de mim, se esconde. Encontra-se à distância de histórias, histórias líricas e concisas. Mas o futuro é impresso com a tinta do nosso passado e o presente é tão discreto, que ninguém se apercebe da presença dele. Não vivo para ti, nem para ninguém, vivo na loucura do mais tarde e no silêncio do momento. No momento as palavras esgotam-se e esvaem-se em se's, tomam significados diferentes e muitas vezes, mal intencionados. Não percebo o fundamento de qualquer uma das tuas perguntas, respostas e palavras. Palavras amargas e doces que me atropelam, palavras tão vivas que matam por dentro cada pedaço que conservo teu. Pedaços que se dividem, se multiplicam, dispersam-se e neles se perdem. É como quando escondemos tão bem algo precioso e queremos voltar a revê-lo mais tarde. Não encontro forma de o rever no quarto revisto, por isso vai caindo no esquecimento de uma recordação selada. Dás-me de mão beijada a borracha que te apaga, mas e o esquecimento de uma recordação selada? Não se esquece nem tudo, nem nada.

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