
E, em números, o coração falava as palavras que fugiam. Eu senti a tua presença à flor da pele, eu senti-a. Senti a estrada da tua direcção a chamar por mim. Vacilava em segredo, as memórias trouxeram à tona recordações que te sopravam, voavam perdidas no tempo que nos deixou, nos levou, nos prendeu e nos agarrou, agora tão de mãos vazias, fora de nós, apagadas e amarradas a um amor que não o nosso. Não és diferente, mas ninguém é igual a ti. Não volta-eu sei-não volta, mas eu continuo a querer-te. Quem diria que me soltar acabaria por me prender a alguém. Já passou, mas o que eu sinto não passa e os meus passos, sem a permissão do coração, sempre te procuraram. O teu ainda bate por mim ou.. estarei cega ainda das bofetadas de realidade que levei. E pedia-te se me pedisses: Traz em ti o que me deixas-te. Que trouxesses em ti o teu corpo, o teu coração e ainda as nossas horas. Só preciso de te ter, de novo. E eu abraço-te nos abraços dela, beijo-te nos beijos dela, sou por ela o que lhe falta, que te faz falta. Já reparaste? Desde que as nossas almas se fundiram, nunca precisaste de fechar os olhos e ter medo de os abrir, no receio de não me veres. No entanto, não me posso conformar rotulada em ti um local de paragem, disseram-me que seria e faria um destino, não que daria a vida toda por um momento. Houve dias que engoliria de garganta seca se me apercebesse que o teu lugar não é comigo. Se foste é porque não estavas onde querias e isso desfazia-me. Agora só magoa, dá sentido às feridas, abre-as sem as consolar. Não há nada a fazer senão engolir e, para isso, não há números. Não há palavras. Não há nada. Nada que possa alterar isso.


1 comentário:
Os números foram um esconderijo da verdade.
M.
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