10/04/11

miles away



Sentia rios de adrenalina a alastrar-se por todo o meu corpo, a tomar conta de mim, a fazer por ti tudo aquilo a que assistias, a tomar posse do teu lugar e a deixar-te para trás. Tanto quanto me recordo naquela noite, estiveste a meu lado pelo menos cinco vezes. Foram cinco vezes que o meu coração parou, por quatro vezes reanimou, por três vezes quis agarrar-te e levar-te dali, tocar-te, contornar a saudade dos quilómetros sóbrios e eternos. Porque é que o tempo pára quando te vejo e foge contigo quando te quero? Eras o avesso do senso comum das coisas e, perdi-me na tua realidade. A realidade que me doía quando não conseguia chegar a ti. Os dias morriam, morriam e sorriam a sonhar e, os nossos mundos paralelos, cegos pela distância, viraram na rua oposta, num contratempo do destino, e cruzaram-se em mundos que não o nosso. Era um novo fim, sabes? Mudaria o que não fiz por orgulho, por medo, por ser assim. Mudaria impulsos do acaso, sem qualquer sentido. Em segredo peço que o mundo onde moras te cubra de rosas vermelhas e borboletas e te dê tudo o que não te soube dar, ou não quis, ou não pude. Foram Primaveras, Outonos. Foram Verões e Invernos. Finjo indiferente, embriagada das controvérsias que não soubeste evitar, no entanto, não é culpa tua doeres-me tanto. Não é culpa tua a minha ingenuidade. É culpa tua torceres as palavras, engonhares evidências. Não tornaste claro que o passado já passou. Vivemos em nós várias estações do ano e, nas memórias desse tempo, viveremos em nós para sempre. 

1 comentário:

Ana Sofia disse...

AMEI! Sinceramente, está maravilhoso!