20/12/10

Cinzento


E já vi várias luas nesta sede insaciável. É cobrir esta mágoa num novelo de lã. É cobrir esta mágoa no frio que corta, no frio que dói, no frio que intacta. É rir. Rir. Rir. Eu não entendo porque me rio sempre que me dói. Eu não entendo. É como se o vento e a neve se unissem, me levassem a dor e me congelassem as lágrimas. Consigo vê-las partir. Despeço-me com um sorriso, com uma gargalhada que não a minha como se nos estilhaços da minha alma inconstante, morasse o reflexo de alguém que me alivia, de alguém que através do meu sorriso mentiroso, sussurra: Tu és forte. Tu és forte. Ninguém precisa de saber que também choro. É encontrar o vazio e sentir, sentir, sem mentir. E a maneira de andar, a maneira tão segura de andar e os olhos que evitam outros olhos. Já nem sei saciar esta sede, se me cegar de várias luas.

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