Deixas-me, deixas-me realmente a pensar, é verdade. Já não à ponteiro que resista a esta saudade viva de uma angústia incansável. Desapareces assim, como quem não quer a coisa, como quem vive à espera que a vida lhe traga e não leve. Como quem vive à espera da madrugada que a noite esquece, como quem vive à espera que a vida lhe espere. E espera. Dura e crua mas espera. Cobria esse teu tempo infinito com pétalas vermelhas e sangrava esse teu coração de cinzas só para sentires a dor do empurrar lento do ponteiro dos minutos e a repulsa que sinto ao ponteiro das horas. A dor que sinto quando não estás. A dor que sinto quando não estamos. E esperas sempre que te espere. E eu espero, desespero, enquanto não chegas. O quão inesperado és e o quão ridícula tenho sido em esperar-te. Porque, desta vez, não és a brisa calma que me afasta, és o vento que nos leva diluído em pensamentos que voam, que caem e nos afogam. E eu já não espero.

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