22/10/10

O som do coração

Corre. Não pares de correr. Sente o calafrio que se alastra no teu corpo e se funde no lugar mais perto do coração. Corre. O tempo corre contigo, não espera e nós, nós já esperamos tempo demais. A música que deixas-te só, foi a tua sombra desde sempre, naquela noite em cima do telhado, num primeiro olhar de som. Corre. Eu sinto-te, sempre te senti comigo nas notas mais longas, no segredo mistério das claves de sol. Ainda hoje me sento naquele banco à tua espera. Ainda hoje oiço a música que o pulsar do teu coração me segredava. Ainda hoje.. Não pares de correr. O contorno dos teus lábios, do teu corpo que se assemelhava perfeito e único ao meu, na música que, naquela noite interminável, nos viu pela primeira vez. Morremos em nós. Eu nunca te esqueci. Corre. Eu nunca te esqueci. O som do sol, do vento, da chuva. Não pares. O som do coração. Procurei-te e a música voltou a compor-nos. Voltas-te. Engoli a seco quando a ouvi de novo, no limiar da noite. Estremeci e dancei. E eu morri de novo, na pauta que nos compôs no dia em que nos conhecemos.

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